terça-feira, 24 de janeiro de 2012

"Há vida fora do Facebook"

Já diz o velho ditado que "o que os olhos não vêem, o coração não sente", pois eu acrescento : " o que o ouvido ouve, o cérebro desenvolve".
Nunca fui muito viciada em tecnologias. Lembro-me que, quando mais nova, devorava livros e livros, agora... Sou devorada pelo YouTube. Minha aventura com o facebook recomeçou em 2010. Na altura era uma mera frequentadora assídua do hi5. Depois de uma temporada na "terra do Samba" e o incentivo da minha melhor amiga, Ninette, ganhei dois novos companheiros: o Twitter e o Face (carinhosamente assim chamado).
Meses passaram e "a falta de domínio" ou, como diz um amigo, "o facto de no Twitter não ter só imagens", fez com que ficasse mais tempo pelo facebook.
Fofocas, intrigas, encontros, despedidas, revoltas, confissões, amizades, paixões... Tudo aconteceu por lá. Já dei por mim a publicar suspiros, expressões de raiva, asneiras, a assumir estar bem enquanto tenho um episódio depressivo. É a famosa "síndrome dos seis meses de vício".
Acabei por voltar a aperceber-me que há vida fora do facebook, quando apaixonei-me perdidamente por alguém do "mundo exterior", alguém que em pleno séc. XXI não tem facebook!
"Como pode? Ele é doente? Mal informado? Como posso viver uma relação com alguém que não me vai ligar a dizer que gostou (ou não) daquele meu post?" foram perguntas que ouvi e também me fiz.
Parece que há coisas maiores que o "Universo do Markito Zuzu" e, como o "amor ajuda", tentei levar uma vida longe do vício. Momentos, alegrias e tristezas... Aprendi que nem tudo deve ser exposto. Eliminei os supostos amigos e amadureci, um pouco mais.
Conheci pessoas que não vivem com uma máquina fotográfica sempre ao lado, pessoas que não fazem do termo "gosto/like" parte integrante do seu vocabulário. Deixei de saber o último nome de todas as pessoas que me eram apresentadas... Pronto: achei a cura!
Mas eis que surge a necessidade de "partilhar" o resultado e, para lá voltei aos poucos.
Uns disseram "estás sumida"... Eu apenas respondi "não vivo num computador".
Vira e mexe tenho recaídas, confesso. Por vezes o imaginário parece ser bem melhor que a realidade... Mas supero sempre pois agora sei a resposta: ainda existe vida fora do facebook! :-)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Eles que me perdoem, mas... Eu gosto mesmo é de mulheres!

Sou apologista que todos deveriam ter um amigo imaginário!
 Nada de exageros e sustos. Muitas vezes os nossos maiores segredos/medos/desvaneios não devem mesmo ser divulgados. Mas, e a necessidade de dividir? Como sacia-la? Nas redes sociais AKA diários do século XXI?! Bem, cada um com suas manias.

Depois de tanto tempo voltei a lembrar-me de como ele faz falta. Recordei-me das vezes que falei, falei, falei e ele, anjinho ou diabinho, deixou fluir a sua opinião.

Há uns anos no meio de um convívio de amigos onde, para variar, depois de muitos shots e afins, era a  última sobrevivente do sexo feminino, lá começou a conversa:
Um dos rapazes defendia que mulher "boa" tem que ter curvas salientes e foi assim que começou o debate. Ele desenvolveu-se de tal forma que, começaram os insultos à "magricela" que namorava um deles... Tive que intervir!

Com o olhar de quem muito sabe (ou já devia estar a dormir), disse: "vocês que me perdoem mas, eu gosto mesmo é de mulheres! Gordas, magras, altas, baixas. O que faz uma mulher é a atitude, a postura, a forma como ela se impõe. Eu estou aqui com vocês, a beber e conviver e sei que muitos já nem lembravam que eu continuo na roda. Mas isso não dá o direito de ninguém amanhã julgar-me ou desrespeitar-me porque apesar de tudo... Eu faço por merecer o vosso respeito!"... Como eles se mantiveram calados, decidi continuar:
-"Cada vez menos as mulheres dão-se o respeito pois muitas já nem sabem o significado deste termo. Saber estar é mais importante que seguir tendências. Se a moda na Europa é ser magra, na América a moda é ter curvas e assim vai! Se o certo é fingir ser algo que não somos, então vamos usar máscaras até o fim dos tempos. Agora, que mulher tem que ter carne onde pegar... Sim, é verdade! Porque o homem até pode ser galinha, mas nunca cachorro!"... Naquele momento, o ditado popular fez com que todos se rissem um pouco. Como boa palhaça, após os "aplausos", continuei! Não lembro muito mais do meu sermão, a não ser a parte onde o entusiasmo fez com que me perdesse nas palavras... "Uma boa gaja tem que ter mamas, não fingir orgasmo e saber cozinhar!"... Um dos meninos gritou: "Jandira, chega! Estás a exagerar... Vê se bebe e dorme". Os risos intensificados pelo álcool e a mudança repentina de assunto (começaram a falar de futebol) fizeram com que me calasse finalmente.
Apercebi-me que poucos ou nenhum ouviu meu rico discurso, que continuavam a referir-se às mulheres como "aquela boa", "aquela magra", "aquela gorda" e que talvez isso seja mesmo um conceito mais social do que apenas masculino.
Provavelmente, se não tivesse asfixiado meu amigo imaginário com tantas caipirinhas, poupar-me-ia de, até hoje, ser conhecida como a "filósofa lésbica da Vodka" naquele ciclo de amigos... Mas, a vida tem dessas coisas!