sexta-feira, 18 de março de 2022

Pensamentos Soltos

 Cansaço

De sentir, me permitir, de desistir

De ver o tempo fazer escolhas

De entender falsas expectativas

De me frustrar nas tentativas

De ter de aprender com as falhas.


Até onde? Até quando?

Quanto de ensinamento aguenta um sentimento?

Quanto de aprendizado tem num mau momento?


Ah, cansaço

De sofrer, de chorar, de me perder.

Será que está tudo bem em disfarçar com um sorriso?

De me doar, de me castigar.

De me arrepender de onde eu piso.

De não poder gritar.


Que chega, que não aguento mais.

Que me aceito, e não te quero mais.

Que não quero gatilhos antigos

Amores não correspondidos.


Desejo que todas as paixões loucas sejam sentidas

E finalmente consentidas

Que tenham beijos e abraços sem culpa

Que sejam momentos sem desculpa


Por serem reais,

Normais

Renovadores

Rejuvenecedores


Porque o cansaço, cansa

Vitimiza

Não economiza

Desestabiliza

Não incentiva a dança


Da vida corrida,

 da glória da vitória pedida.

Do amor que ainda tem de fluir

Pois o canto do girassol nos faz seguir. 

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Dois

 Dois segundos, minutos... Duas horas... Dois meses, anos... Duas décadas.

Chega, mais uma vez, o momento de perceber se a máxima "não há duas sem três" vai se enquadrar na minha vida.

A verdade é que, faltam menos de dois meses para acabar mais um ano desafiante, de silêncio, de aprendizado... De quase desistência de tudo.

A vida ensina das formas mais inusitadas, os instantes realmente têm o peso que nós atribuímos a eles.

Tantas vezes achei que seria desta o amor lindo e contínuo, quando lá no fundo sabia que ainda faltavam degraus na minha evolução. Custa defender algo e agir de forma completamente contrária... Custa ser eu. Absorver e aceitar minhas imperfeições de modo a supera-las.

Desta vez entendi, finalmente, o dois. A necessidade do par, da ansiedade antes da meta, do perceber que é preciso ter paciência.

O dois é conexão, é a mãe da equação, é o filho na Santíssima Trindade. O dois é a promessa da união, é aprender a dar e saber receber.

Dois é quem eu aceito ser, o que me vejo ter e como me quero ver.

Unida, polida... Vencedora e evoluída... Dois é a soma que me satisfaz... A que mais felicidade traz. 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Tempo

E o que se fez do velho? Nada novo.
E o que se esperar do novo? Se parece tudo velho.
O cansaço, de emoções repetidas, remete à tristeza.
A ansiedade, por tempos melhores, parece não acalmar o coração... Coração esse que se sente limitado... Por sofrer... Por não viver: todas as memórias que a mente cria... Toda a energia que ele confia... Ser real... Ser normal... Ser especial.
Se o tempo nos guia e pede calma, porque é que parece que ele está parado?
Se o tempo nos impulsiona a manter a esperança, então porquê parece estar tudo tão frustrado?
Só nos resta esperar por dias melhores... Gerir as emoções, sem pressa mas sem pausa.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

O Homem que não sabia se queria amar (e ser amado)!


E tudo, para ele, parecia pesado... sem retorno e sem importância. “Como alguém me pode amar por ser quem eu sou e não por àquilo que tenho”?  Esquecendo de que as partes constituem o todo, mas que sem a base nada se pode construir.

Somos árvores... sem raízes saudáveis não tem como florir.

E ele deixou de acreditar... estava habituado a lidar com o esperado... com a troca directa de favores... com falsos amores.

Como poderia ele amar? Se, para ele, o amor é a disputa de gestos vazios com provas físicas daquilo que se sente. Se, para ele, é melhor o sol se pôr para apreciarmos o fogo de artifício.

Como explicar ao ser humano mais puro que ele merece mais... que ele não tem de apanhar dores na esquina e faze-las suas... que o sorriso dele, aquele genuíno que ele consegue esboçar antes de se perder em pensamentos do porquê das coisas, é a mais bela prova de que vale acreditar no amanhã?

Um dia de cada vez, com olhos num futuro melhor... Gentileza gera gentileza... sem insistir em receber algo que ainda não se quer manter activo e aproveitando todas as oportunidades de crescimento, de sarar feridas, de curar raízes, de ver florir àquilo que se quer: amor!

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

"Dear (old) Narnia"


Quando surgiste foi como encontrar uma espécie de tábua de salvação no meio de um oceano recheado de tubarões. Um castelo de portões abertos, no meio do mundo... a (falsa) definição de liberdade.

Mas, e já cantou (e bem) Luther VanDross, "a house is not a home". Cada vez mais o lixo que fui guardando no teu porão sufocou-me... quer pelo cheiro ou então pelos insectos que de lá sairam.
Se não fui feliz dentro de ti, velho Castelo de Nárnia?! Claro que fui... não posso responsabilizar-te por minhas más escolhas na decoração... mesmo porque o importante é reter as boas lembranças e em ti fui todos os personagens narrados por CS Lewis.
Houve espaço para um bocado de tudo... amores, tristezas, decepções, gargalhadas e muita música. Castelo animado... casa cheia... coração vazio... mente confusa... alma sofrida... corpo cansado! Hora de mudar!
Esquecer a decoração e arriscar! descansar o corpo... Animar a alma... organizar a mente que o coração vai tratar de encher!
Mais de mil dias num mesmo lugar... mesmo para quem não é materialista é complicado seguir... mas tem de ser!
Entregar a chave e procurar novo porto... chorar minhas lágrimas porque hoje é a última noite sem definição de futuro.
Pegar as pedras e construir um novo castelo... fazer dele meu lar... meu infinito particular e fortaleza, não um refúgio.
Minha Nárnia não deve ser meu esconderijo e sim a minha decisão!

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Seu Estilo... Sua Vida

E chega um momento em que as roupas já não nos servem mais. E não pense que foi porque você engordou ou emagreceu... simplesmente você já não se revê nelas.

E tal como as roupas, o mesmo acontece nas nossas vidas e com as pessoas que acolhemos e escolhemos.

Tem peças que usamos pelo valor financeiro e/ou simbólico, por serem confortáveis, porque são "as ideais" para certos momentos, pela qualidade e, ou então, porque sim.

Elas representam o nosso estado de espírito, o nosso estilo, àquilo que pretendemos para aquele momento.

Há quem vista peças que remetam ao passado, quem seja mais actual e já há até "os futuristas". Tem ainda os que não misturam padrões, os que só gostam de cores mais vivas... os que parecem nunca saber escolher o que vestem, e os que não se encaixam em conceito algum.

Mas, e assim como na nossa vida, chega sempre aquele momento em que olhamos para o espelho e decidimos ser quem realmente somos. Não porque mudamos e sim porque nos cansamos de falsos convencionalismos morais e sociais... pois: se você não gostar de se ver, ninguém vai poder fazer isso no seu lugar.


 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Os Dez (Livros) Escolhidos





Porque “o saber não ocupa lugar”, decidi aceitar o desafio e partilhar Dez das Obras Literárias que mais me marcaram, até o momento. Não pensei que fosse ser tão complexo… aliás, certas escolhas sempre o são. Mexem com tudo que entendemos de racional e lúdico… Vasculham lembranças, memórias, sentimentos, vontades… chegam até nossa alma.

Comecei a ler muito cedo. “Precocita” lá de casa, aos 4 anos já devorava os jornais, revistas e alguma banda-desenhada/quadrinhos, mesmo sem muita noção daquilo que lia. A realidade é que, o hábito ficou e, sinto-me frustrada/triste por actualmente não continuar a fazer dele um vício.


Abaixo, os Dez Escolhidos:

1.       Bíblia Sagrada: li, reli e tento entender o máximo possível. Confesso que optei por ignorar certas coisas, aceitar a maioria e debater, em estudo bíblico, questões que não consegui compreender sozinha. Aprecio muitos livros e capítulos quando procuro por respostas. Para mim a Bíblia é leitura obrigatória, para muitos é uma obra de valor sagrado (para os cristãos), escrita pelos homens e baseada na crença que estes têm em Deus, um Ser Superior e Criador do Universo… o centro da Fé!

- Escrita por 40 autores, entre 1445 e 450 a.C. (livros do Antigo Testamento) e 45 e 90 d.C. (livros do Novo Testamento)*



2.       A Gloriosa Família (Pepetela): não li, mas é como se o tivesse feito! A minha mana mais velha, Kinna Santos, fez questão de narrar para mim, de uma forma única e especial, cada um dos 12 capítulos que compõem esta obra-prima da literatura angolana (mundial, se me permitem). Apesar de já saber ler com maior percepção dos textos (na altura estava “viciada” em Enciclopédias) sabia muito bem esperar pela narrativa… era o “nosso momento”, ela tem o dom de contar histórias/estórias como poucos. Das melhores lembranças que tenho… saudades de um tempo que se tornou eterno na minha memória.

- Romance publicado em 1997, pela editora Dom Quixote*



3.       Crónicas de Nárnia (C.S. Lewis): começou com a vontade de entender a adaptação do primeiro livro (A Bruxa, o Leão e o Guarda-Roupa) para a televisão, exibida pela Televisão Pública de Angola na década de 90 do século passado e, tão logo tive a oportunidade, “devorei” os outros seis. Foram uma grande motivação para aprender a língua inglesa. Tornou-se no meu Mundo Privado, meu “infinito particular”… “Em Nárnia, eu sou feliz”.

- As Sete Crónicas são: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (publicado em 1950), Príncipe Caspian (1951), A Viagem do Peregrino da Alvorada (1952), A Cadeira de Prata (1953), O Cavalo e seu Menino (1954), O Sobrinho do Mago (1955), A Última Batalha (1956).*



4.       Cem Sonetos de Amor (Pablo Neruda): porque poucos falaram/falam/falarão de amor como ele, recomendo vivamente (para quem não conhece). Falar de Neruda e seu trabalho é perder-se e se encontrar… dar e pedir para receber em troca um amor puro/livre/capaz e, se assim não for, seguir amando, pois “En esta historia sólo yo me muero, y moriré de amor porque te quiero, porque te quiero, amor, a sangre y fuego”.

- A obra foi publicada em Santiago (Chile), pela Ed. Universitaria, em 1959.*



5.       A Turma da Mónica (Maurício de Sousa): dos primeiros livros que li (juntamente com alguns da Marvel e DC Comics), mas o texto leve e as mensagens positivas sempre me cativaram. Imitar as características dos personagens principais, agir como se “eles fossem da família”… é intemporal, a obra de Maurício.

- Histórias em “quadrinhos” criada por Maurício de Sousa no ano de 1963. Até hoje são publicadas edições inéditas*



6.       O Segredo (Rhonda Byrne): sempre fui “contra” livros de “auto-ajuda”… mas este tomou conta de mim de tal forma que, até hoje, é o meu livro de cabeceira. A forma como a mensagem é transmitida, um conteúdo que nos permite acreditar que quase tudo depende de nós e da energia que enviamos para o Universo. Mudou a minha forma de ver/encarar o quotidiano… literalmente: mudou a minha vida (pedir, crer, receber)!

- Começou por ser um filme em formato documentário austrálio-estadunidense de 2006, inspirando assim o livro homónimo*.



7.       Quem Me Dera Ser Onda (Manuel Rui): a capacidade que os livros têm de nos permitir viajar e criar expectativas de um mundo melhor… um mundo onde, cada criança poderia criar o seu próprio “porquinho”. Infelizmente, nem um em forma de mealheiro tive… mas valeu (e muito) pela boa leitura.

- A primeira edição foi lançada em 1982*.



8.       Cem Anos de Solidão (Gabriel Garcia Marquez): desde a centenária visão de Úrsula à necessidade de desvendar os segredos dos misteriosos pergaminhos de Melquíades… é, sem dúvida, dos livros que mais gosto tive em ler e debater, chegando a conclusão de que não mudaria uma vírgula deste clássico.

- Primeira Edição publicada em 1967, na Argentina, pela Editorial Sudamericana*



9.       Quando Chega a Hora (Zibia Gasparetto): Lucius “ditou” muitas boas histórias para que Zibia explicasse um pouco mais ao mundo sobre os segredos do Universo. Na minha busca por resposta e compreensão, li algumas, mas esta foi das que mais me marcou. Muito torci pelos personagens, apesar de saber que o seu destino já há muito tivera sido traçado.

- Literatura espírita de autoria do espírito Lucius, psicografado por Zibia Gasparetto, foi lançada em 1999*.



10.   A interpretação dos Sonhos (Sigmund Freud): por motivos profissionais procurei por esta obra… por motivos pessoais apaixonei-me por ela. E foi paixão mesmo, das grandes! Discutimos, fizemos as pazes… Discordei e aprendi a entende-la… Pensei que não poderia viver sem leitura diária e, aprendi a adaptar-me aos seus ensinamentos sem dependência. A behaviorista aceitou o mestre da Psicanálise.

- A obra foi publicada em 1899, mas com a data de 1900*.



Que tenhamos sempre tempo, vontade, necessidade de fazer uma boa leitura.



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